Techs on a budget 2 – O próximo Standard

Deck em análise: Almost Mono Black Aggro

Saudações,
Trago novamente um deck de budget e, mais uma vez aggro. Desta vez será uma tentativa de criação minha, de um deck competitivo em standard, já envolvendo a expansão mais recente: Born of the Gods.
Eis a lista com a qual me encontro neste momento:

Mainboard:

Lands (23)
4 Blood Crypt
4 Temple of Malice
3 Mutavault
12 Swamp

Creatures (27)
4 Rakdos Cackler
4 Tormented Hero
4 Pain Seer
4 Pack Rat
4 Herald of Torment
4 Desecration Demon
3 Gray Merchant of Asphodel

Other Spells (10)
3 Mogis, God of Slaughter
3 Mizzium Mortars
2 Dreadbore
2 Bile Blight

Sideboard (15):
1 Mizzium Mortars
2 Drown in Sorrow
2 Doom Blade
3 Duress
3 Lifebane Zombie
3 Nightveil Specter
1 Bile Blight

A meu ver, este deck não está nada mau.
Em primeiro lugar, há que ver, ou pelo menos tentar prever, onde vai o metagame de standard com a nova expansão. Na minha opinião: a lado nenhum. Diria que Born of the Gods não trouxe nada que modifique drasticamente o que já havia. Claro que há uma ou outra carta como Brimaz, King of Oreskos que podem dar origem a estratégias um pouco desviado da via actual, mas ainda assim, diria mais que esta expansão veio apenas complementar os decks anteriores. Seguindo esta linha de raciocínio, porquê a tentativa de um deck novo? Bem, além de estar um pouco desgastado de ouvir falar de mono Blue devotion, Mono black devotion e, nos FNMs locais não jogar outra coisa a não ser RW Devotion, este deck já tinha tentado existir, mas nunca foi tão bom quanto poderá ser neste momento. A carta que me influenciou mais a ter esta iniciativa foi Herald of Torment. Esta carta, não só vem a substituir Nightveil Specter que não é agressivo o suficiente ou Lifebane Zombie que não é consistente contra alguns decks, como faz ainda dá mais valor de agressividade devido ao Bestow. Pode ser jogado ao 3º turno como uma 3/3 voar, que é absolutamente aceitável ou, se houver algo que poderá ser mais benéfico, esperar até ao 5º turno para dar +3+3 e voar a uma criatura existente, deixando um corpo 3/3 voar se a criatura equipada morrer… é… bom! Isto pode fazer com que Pain seer volte a dar o valor da habilidade inspired em late game se os oponentes tiverem bloqueadores, pode fazer trigger de heroic do Tormented Hero para fazer passar mais 1 da dano e ganhar 1 de vida ou simplesmente, tornar uma das criaturas que não poderia atacar por causa de bloqueadores, voltar a ser útil e agressiva. Tem a desvantagem de ter apenas dois símbolos de mana preta em vez de três como o Nightveil Specter e, consequentemente, drenar menos 1 com o Gray Merchant of Asphodel. No entanto, é mais 1 de dano a passar por cada ataque. Num deck agressivo pode fazer a diferença.

Outra carta que me levou à criação deste deck e me desviou do Mono Black para o splash vermelho foi Mogis, God of Slaughter. Em primeiro lugar, este é dos únicos, se não for o único, tipo de deck que pode ter a visão realista de fazer desta carta uma criatura a atacar. Em segundo lugar, como o deck não é tão rápido como os Mono Red agressivos que aí andam, em principio haverá alguma desvantagem contra control. Pois Mogis, God of Slaughter acaba com essa desvantagem. Dar 2 de dano ao oponente todos os turnos, sem ter de atacar e, estando apenas exposto a cartas não instantâneas como Detention Sphere e Revoke existence, esta carta pode causar sérios estragos contra esse tipo de match ups. É apenas uma carta um pouco morta contra decks rápidos, pois ao 4º turno jogar algo que não vai fazer grande diferença de imediato não é grande plano. Mas é para isso que serve o sideboard.

Em relação ao resto do deck não há muito a ser explicado. Rakdos Cackler e Tormented Hero são a pressão que qualquer deck aggro precisa no primeiro turno.

Pain Seer é uma carta da qual vou obter card Draw em cerca de 70-80% dos jogos, enquanto tenho uma 2/2 por dois de mana. Faz todo o sentido neste deck, ainda para mais com a possibilidade de bestow com o Herald of Torment como foi falado anteriormente. Esta é mais uma carta que fica bastante melhor ao jogar contra control, pois além de entrar ao 2º turno, em principio não haverá bloqueadores para impedir o ataque e entretanto o trigger de Inspired.

Pack Rat é o plano B do deck, tal como o de todos os decks que jogam com a carta. Quando o resto está a falhar, pack rat resolve a situação. Mesmo que nada esteja a falhar, jogar contra decks rápidos sem mass removal com um rato destes ao segundo turno torna-se muito mais fácil.

Desecration Demon é claramente o agressor mais eficaz destro do custo de mana. Contra alguns decks como mono blue, poderá não ser muito eficaz devido à sua habilidade, no entanto, são muito mais as vezes que será uma carta a partir da qual os meus oponentes vão passar a jogar à volta, do que um corpo morto em campo. Tinha como outra opção Exava, Rakdos Blood Witch, criatura com haste que pode ser agressiva mais rapidamente. Eu não gosto assim muito desta bruxa. A única vantagem em relação ao demónio é haste. Mais nada. Além disso, não gosto da ideia de por uma criatura 4/4 por quatro de mana, mesmo com haste e first strike, quando pela mesma mana os meus oponentes podem jogar coisas como Polukranos, world Eater ou mesmo os seus próprios Desecration Demon.

Gray Merchant of Asphodel é o swing que dá sempre a volta ao jogo quando necessário ou acaba o mesmo. Tenho apenas três cópias no deck e não quatro devido a custar 5 de mana para entrar. Sendo o elemento mais lento de deck e, não querendo perturbar a quantidade de terrenos, três cópias será o ideal. Além disso, revelar um destes para a habilidade de Pain Seer não é muito agradável.

Em termos de removal (cartas non creature no deck):
Dreadbore é o tipo de removal mais seguro que existe e menos vezes carta morta, visto que também pode remover planeswalkers. Apenas estão incluídas duas cópias visto que, todas as outras cartas de removal são mais eficazes devido a objectivos específicos. No entanto, não se pode jogar apenas com ganância. Têm que existir o factor segurança em qualquer plano.

Bile Blight é essencial contra o possível plano B dos meus oponentes. Pack Rat é uma carta que, contra mim, poderá ser problemática. É também por esta razão que se encontra uma terceira cópia no sideboard. Fora as razões específicas, é das melhores cartas de removal do formato de standard actual. Dois de mana apenas, velocidade instantânea e acaba com grande parte de criaturas jogadas pelos outros decks. Ah e para adicionar valor, se o oponente tiver 100000 tokens devido a Elspeth, Sun’s champion ou Assemble the Legion, guess what happens.

Mizzium Mortars é simplesmente aproveitar-me do splash vermelho para por ódio contra Blood Baron of Vizkopa. Devour Flesh também funcionava? Sim. Seria tão eficaz como esta? Não por o oponente pode ter outra criatura em jogo. Estando a jogar um deck agressivo, quero que o meu oponente ganhe vida? NÃÃOO. Três cópias a mainboard são simplesmente uma fonte de segurança contra decks que também tenham Blood Baron of Vizkopa a mainboard. Mesmo que não tenham, é uma carta que consegue matar grande parte das criaturas que existem, logo, raramente será uma carta morta.

Em termos de Sideboard:
Mizzium Mortars: A quarta cópia que garante que os Blood Baron of Vizkopa não vão ficar em jogo. Nunca. Parecendo que não, é uma carta que causa grande impacto, visto que se, se o barão começar a atacar e a ganhar vida, o jogo torna-se quase impossível de ganhar.

Bile Blight: O seu objectivo é parecido ao da carta mencionada anteriormente, desta vez em relação a pack rat. No entanto, visto pedir apenas duas manas e ser instantânea, é Premium removal e vai entrar contra todos os match ups rápidos como white weenies ou mono red.

Doom Blade: Existe para tirar cartas mortas ou quase mortas do deck. Quando se joga contra GR Monsters, o oponente até pode ter Burning-tree emissary ou Elvish mystic para dar devoção e acelerar a mana, que podem ser mortos com Bile blight ou Mizzium mortars, mas o que acontece quando este começa a jogar Arbour Colossus; Polukranos, world Eater; Stormbreath Dragon…? Pois, estas são ameaças grandes que têm de ser tratadas sem carinho. Apenas uma “Lâmina da destruição” no meio dos olhos trata do assunto.

Drown in Sorrow: Para tratar dos decks extremamente agressivos e rápidos. Esta carta não estava incluída na lista inicial, visto que me prejudica também. No entanto, derivado a testes feitos contra white weenie, foi decidido que tinha mesmo de ser. Explicarei com mais detalhe no final deste tópico.*

Duress: Uma carta obrigatória contra control. Se conseguir livrar-me de uma Detention sphere ou uma anula antes de jogar Mogis, God of Slaughter ou até mesmo de um Supreme Veredict quando o meu jogo está muito direccionado para criaturas em massa, sou um Homem feliz.

Lifebane Zombie: Outra carta obrigatória, desta vez contra praticamente qualquer deck que tenha verde e/ou branco e tenha craturas. Além de ser uma carta bastante agressica (3/1 com evasão), tem valor adicional ao dar informação sobre a mão do oponente e remover uma ameaça desta mesma.

Nightveil Specter: Inspirado na tech utilizada anteriormente por decks de Esper Control, esta adição ao sideboard vem contra Mono Black e possivelmente mirror (se alguém tiver a mesma ideia que eu ou simplesmente ler este artigo e fazer caso da minha cabeça), substituindo Herald of torment. Aqui, Nightveil Specter não será uma carta pior que Herald of Torment porque, toda a vez que dá dano, compro uma carta jogável.

* Para compreender melhor a utilização de Drown in Sorrow neste deck há que olhar para a flexibilidade da jogabilidade desta estratégia. Também inspirado nos decks de mono blue que, como descrito por Jérémi Dezani (vencedor do pró tour Theros), é um deck agressivo mas, após sideboard, pode tornar-se um deck mais virado para control, eu tentei encaixar esta flexibilidade no meu deck. Porquê fazer tal coisa? Jogando com preto e vermelho, há acesso a agressividade e removal de topo o tipo. Falta saber o que fazer com isso.

Este deck não é definitivamente o mais agressivo do formato. Não é propriamente Mid Range pois este tende a criar pequenas ameaças muito cedo. É um deck que, quer acabar com o jogo rápido mas de forma sustentável. Quer um pouco aquilo que todos os países querem: Desenvolver sem perder controlo dos recursos e mantendo a população satisfeita. E neste caso, eu sou o presidente e a população do país, por isso a minha satisfação depende 90% das minhas decisões (os outros 10% são os outros países/decks)

Para por Drown in Sorrow de side para mainboard há que alterar a forma de jogar. Em vez de jogar para correr com criaturas 2/2 contra o oponente, que vai ser impossível porque decks como white weennie têm cartas como Precint Captain (iniciativa); Fiendslayer Paladin (iniciativa e lifelink); Imposing Sovereign; entre outros, que fazem a corrida muito mais a seu favor, há que tirar as suas ameaças da mesa, utilizando as criaturas pequenas para bloquear e removal, de modo a que seja possível por em jogo Desecration demon,  Lifebane Zombie e Gray Merchant of Asphodel. A partir do momento em que o board está controlado e estas ameaças estão em campo, o jogo está normalmente ganho. Então neste match up, Rakdos Cackler saem do deck, visto que para serem 2/2 não podem bloquear, tal como os Mogis, God of Slaughter, visto que entram tarde e pouco fazem. Drown in Sorrow contra este match up é incrivelmente bom, visto que mata todas as criaturas do oponente com a única excepção de Brimaz, King of Oreskos. Logo esta carta faz todo o sentido na linha de raciocínio de controlar o board para por ameaças com as quais o oponente tem dificuldade em lidar.

Claro que tudo isto se anula e conseguirmos correr com Pack rat. Este grita “fuck the plan” e multiplica-se descontroladamente até ser possível atacar e bloquear sem preocupações. Pack Rat é todo ele sozinho um plano.

Possíveis alterações para o futuro:
Um deck como este, tem na sua parte de sustentabilidade um defeito: perder vida. Herald of Torment faz-me perder vida todos os turnos, Pain Seer faz perder vida em cada trigger. Whip of erebos é uma carta que ainda está na fase de testes para ver se poderá encaixar de modo a diminuir esse factor e tirar proveito de mortes anteriores. Principalmente se um Gray Merchant estiver no graveyard.

Dreadbore Vs Hero’s Downfall. Esta foi e continua a ser uma decisão difícil. Hero’s Downfall ganha por ser instantânea e não necessitar da cor do splash. No entanto, sendo um deck agressivo, em casos normais não quero deixar a mana virada para agir no turno do oponente. Logo, ser sorcery a pedir um a menos poderá ser uma mais-valia…

Se continuarem a aparecer decks cada vez mais agressivos com os quais tenho dificuldade em lidar, terei de considerar uma hipótese que tenho estado a tentar evitar: Pharika’s Cure. É, para todos os efeitos, removal mau, no entanto não há melhor para estrabuchar até chegar ao controlo da situação.

Em termos do factor budget, os mutavault ficam ali um bocadinho caros… Eu próprio confesso que não tenho nem um e, quando jogo com o deck em torneios terei de utilizar pântanos se ninguém tiver disponível para emprestar. Isto irá influenciar não só a agressividade do deck em termos de “multi task” (utilizar mana para fazer o mutavault atacar e ainda ter mana para outras coisa) como também fará o plano B um pouco pior.

Quem estiver indeciso entre Dreadbore e hero’s downfall têm aqui um factor de desempate.

Em geral, penso que é um deck bastante competitivo e equilibrado. Tentei várias vezes durante os últimos meses um deck apenas com estas duas cores mas nunca consegui nada. Espero que desta vez consiga.

Espero que tenham gostado desta aposta para o novo standard.

Obrigado,
João Marreiros